Já imaginou faturar logo no primeiro lançamento exatos 6,3 milhões de reais?
Adianto logo que isso definitivamente não é típico. Aliás, é tão raro que eu só conheço uma pessoa que fez isso até hoje.
Claro que tem muita gente por aí que lança e eu nem fico sabendo.
Mas até onde eu sei, apenas uma pessoa fez um lançamento inaugural com um resultado tão expressivo.
E esse cara é o Lerry Granville, que tem um produto sobre arrematação de imóveis em leilões.
E não parou por aí. No segundo lançamento, o Granville faturou 7,2 milhões de reais. Sendo que apenas no primeiro dia de carrinho aberto, o faturamento foi de 5,2 milhões de reais.
Quer conhecer tim tim por tim tim da trajetória de Lerry Graville até se tornar um faixa-preta em lançamentos digitais? Então segue aqui comigo que eu destrinchei a história desse cara.
Se preferir, você pode assistir à gravação dessa conversa na íntegra.
Você também pode acompanhar só o áudio, que está disponível em qualquer uma dessas plataformas: Spotify, iTunes, Castbox, Google Podcasts, Soundcloud, Deezer, Stitcher.
Vamos lá:
Pergunta 1
Erico: Antes de falar sobre os seus lançamentos, como você me conheceu?
Granville: Eu conheço o Erico de outros primórdios. Conheço antes do Erico ser o Erico. Você era o irmão do Hugo. Eu conheci você em 2011 ou 2012, no ProLeilões.
E isso foi uma vantagem para mim porque foi assim que eu consegui ter uma proximidade um pouquinho maior com você.
Naquela época eu já trabalhava, entre outras coisas, com leilão de imóveis.
Pergunta 2
Erico: Como você chegou nessa atividade de leilão de imóveis? Você nasceu em uma família com dinheiro?
Granville: Eu não nasci com dinheiro, bem pelo contrário, na verdade. Muitos anos atrás, a minha família quebrou financeiramente. Morávamos em um apartamento pequeno, em Porto Alegre. Cinco irmãos dentro do apartamento.
E nesse vai e vem da vida, fui fazer um trabalho filantrópico, fiquei dois anos fora do Brasil. Voltei e casei. Fiz alguns cursos de informática, fui autodidata em muitas coisas… E passei a trabalhar com isso, com informática.
Comprei um apartamento, mas lá pelas tantas, as coisas começaram a dar errado.
A minha empresa de informática não estava dando certo e o fato é que eu quebrei. Foi a primeira vez que um negócio meu quebrou. Quebrei quebrado.
Pergunta 3
Erico: O que aconteceu? Onde você errou?
Granville: Eu acho que foi falta de malícia sadia da vida. Eu queria, por exemplo, empregar todo mundo na minha empresa.
E quando eu estava mexendo com computadores, qualquer pecinha, qualquer coisa que não funcionasse, era um prejuízo grande.
Naquela época, eu tive a benção e a maldição de ter um crédito muito grande. Muito jovem consegui crédito muito rápido no mercado. E o crédito que eu tive maior foi o cheque especial. Só que o cheque especial naquela época chegava a ser 14% de juros ao mês. E eu tive um cheque especial de R$ 100 mil.
E o que eu fazia? Comprava alguns processadores para montar computadores e entregar. Com uma margem pequena de lucro e tudo mais.
Só que eu não tinha como bancar aquilo tudo, as peças eram muito caras.
Uma vez, por exemplo, o Elvis, meu irmão, foi montar um computador e quebrou o pino do processador. Ele pegou o segundo pino e quebrou também. Pegou o terceiro pino e quebrou mais uma vez. Daí eu vi que ele não era bom naquilo que ele estava fazendo.
Para pagar as contas, eu fui pegando dinheiro aqui, dinheiro no cheque especial… E eu também comecei a contratar mais pessoas. Eu queria evoluir.
Quando eu cuidava de tudo sozinho, montava e entregava os computadores, eu não tinha problema em quebrar peças. Mas sozinho eu não conseguia crescer. Então comecei a contratar pessoas e situações como a do Elvis passaram a acontecer em outras áreas. E, com isso, começaram os prejuízos.
Na época, a margem de lucro de informática era baixa, com impostos altos, juros comendo. Às vezes, eu atrasava o pagamento de uma guia de imposto e pagava 2 meses depois, com juros muito altos.
Sei que lá pelas tantas, a bola de neve chegou nas minhas contas pessoais de tal maneira que comecei a atrasar a parcela do apartamento, a atrasar a prestação do carro, atrasei condomínio, IPTU… Por fim, o meu apartamento foi para leilão.
Pergunta 4
Erico: Foi à leilão de verdade mesmo?
Granville: Foi à leilão de verdade. De chegar o oficial de justiça com a data do leilão, o local para ser feito o leilão, com leiloeiro.
E naquela época eu tinha duas crianças pequenas, eu já tinha constituído uma família. Foi um sentimento terrível de impotência. Não entrava dinheiro o suficiente na empresa para pagar tudo.
E eu fui perdendo algumas coisas. Os carros foram à leilão. Eu tive que sair do meu carro com um oficial de justiça na porta. Um guincho levou o meu carro.
Perdi o crédito com os meus fornecedores. Tem uns clubes chamados SPC, SERASA e outros mais… Eu fiz parte de todos eles, me associei. E foi aquela coisa de ter cobrança até por telefone.
Pra você ter uma ideia, o meu telefone já nem ligava mais, só recebia ligação. E era só cobrança.
Para colocar as coisas de uma maneira bem clara, eu lembro que um dia cheguei em casa, sentei e falei: “O que mais pode acontecer?”. Olhei para cima e pá, cortaram a luz.
Pergunta 5
Erico: Mas você perdeu o apartamento também? Ele foi para leilão?
Granville: Foi à leilão. Eu quase perdi o apartamento. Eu estava inerte, até que então a minha esposa falou uma coisa para mim. Ela disse: “Olha, se a gente não agir, vão agir com a gente”.
E eu fui procurar um advogado, que me deu um valor que eu não tinha como pagar. Lembro que naquele dia eu não tinha dinheiro para pagar o ônibus de volta para casa.
Quando eu saí do escritório, peguei o Assunção, que é um dos ônibus que tem em Porto Alegre, e avisei pro cobrador que eu não tinha como pagar. Ele falou: “Tranquilo, desce no próximo ponto”. Desci e fui para casa caminhando.
E naquele caminho eu fui pensando no que fazer e disse: “Eu tenho que ver onde é que está o problema”.
Então comecei a ir ao fórum, onde estava a pasta do processo do leilão. Eu ia todo dia lá no fórum para saber como estava. E eu comecei a ir também na biblioteca pública.
Na rua da biblioteca pública tinham muitas livrarias de Direito. Eu comecei a pesquisar sobre leilão nessas livrarias, pegava os livros de Direito Imobiliário e estudava sobre o assunto.
Lá pelas tantas, encontrei um livro sobre reintegração de posse. O livro era de 2003 ou 2006 e falava que todas as partes do processo teriam que ser notificadas sobre o leilão para que o mesmo pudesse ocorrer.
Nesse caso, as partes eram minha esposa e eu. Mas só eu tinha sido notificado, a minha esposa não.
Eu achei um furo no processo. Hoje, eu sou formado em Direito, mas na época não tinha o mínimo conhecimento sobre isso. Eu me agarrei nessa informação e fui falar com o escrivão.
O escrivão olhou e disse: “Tu sabe, rapaz, que tu tem razão? Vamos comunicar o juiz”.
Por causa disso, o processo parou. Eu consegui tempo para me reestruturar e ganhar uma grana para pagar as prestações que estavam atrasadas e renegociar a dívida.
Em função disso, não perdi minha casa para o leilão.
Pergunta 6
Erico: Qual seria o lance inicial para o seu apartamento?
Granville: Quando estava nessa questão toda, eu pensava apenas no leilão. Eu não analisei a questão toda, os valores. Eu só queria pagar a minha dívida.
Só que depois que tudo isso passou, fui olhar o valor que o imóvel iria para leilão e descobri que seria pela metade do valor que era de mercado
E eu pensei: “Meu pai do céu, se alguém tivesse comprado isso aqui, ia ganhar uma grana”. Ao mesmo tempo eu ficava com aquele sentimento de injustiça, já que eu tinha família, tinha meus filhos pequenos e ia perder a minha casa assim.
E eu reclamava sobre isso no fórum. Um dia, um dos oficiais me falou um negócio que me ajudou a entender.
Ele me falou assim: “Granville, você assumiu um compromisso. Se não fosse desta maneira, as pessoas não conseguiriam comprar imóveis no Brasil, porque a taxa de juros seria extremamente alta. Então, ninguém poderia conseguir o sonho da casa própria”.
Isso pelo risco. Assim, as pessoas que pagam certinho iam ter que pagar um juro maior. Aquela pessoa que é correta, que é certinha, que se esforça para estar em dia, ia pagar juro mais alto.
Tem o condomínio também. Várias vezes, o imóvel vai à leilão para que os outros condôminos não tenham que sofrer pelo fato de alguém não estar pagando a parte dela.
Foi então que eu comecei a me interessar por leilões, mas eu ainda não tinha dinheiro para comprar um imóvel. Eu guardei esse pensamento na mente. Eu disse: “O dia que eu tiver grana, eu vou fazer isso aí”.
Pergunta 7
Erico: Como é que você começou a ter grana na vida, Granville?
Granville: Nessas circunstâncias de buscar retorno financeiro, eu comecei a trabalhar sozinho como técnico em informática. Eu ia nos lugares, ia nos bairros que eu achava que tinha mais computadores para consertar. Porque não era como hoje, que você digita no Google e tal, faz propaganda.
Só que eu estava com poucos clientes. Essa falta de trabalho me fez fazer várias coisas.
Eu trabalhei em tudo o que você possa imaginar, Erico. Trabalhos temporários, eu fui auxiliar de pedreiro. Eu sei bater uma laje, sei virar um traço de concreto. Sei fazer, não sei se era tão bom porque me demitiram.
Eu fui porteiro, motorista, jardineiro e até guia de ônibus. Hoje em dia eu não sei como funciona, se tem faculdade, mas naquela época, o guia de ônibus era alguém que ia junto no ônibus com as pessoas que iam fazer uma excursão.
Tinham pessoas que iam fazer excursão para comprar coisas em vários locais, como no Paraguai, por exemplo.
Então, eu comecei a ser guia de ônibus. E guia de ônibus não paga excursão, só que ele também não tem lugar para sentar. Vai onde dá. Ele vai em pé, vai conversando com o motorista, vai lá no fundo.
Eu tinha algumas responsabilidades, como limpar o ônibus, lavar o banheiro… Mas era bom, porque além dessa remuneração que eu ganhava, a passagem era gratuita e os passageiros dava pequenas gorjetas.
E um dia aconteceu uma coisa.
Atravessando a Ponte da Amizade, que fica entre o Brasil e o Paraguai, as pessoas descem para fazer as suas compras. Ali tem muita gente trocando dólar.
Lá pelas tantas, uma senhora desceu do ônibus e estava trocando dólar na rua. E eu ouvi a pessoa falando paraguaio dando um valor para ela trocar o dinheiro. Era como se a conversão fosse R$ 2, mas na, verdade, ele estava fazendo a R$ 2,10.
Eu parei do lado do cara e dei uma dura. Disse que estava tudo errado. Aqueles 10 centavos de cada dólar, se tu pegar em U$ 1 mil dólares dava R$ 100.
Aquela senhora ficou tão feliz de eu ter ajudado que ela me deu o dinheiro. Ela me deu R$ 100. Pensa, volta aí 15, 18 anos atrás. Para quem tava quebrando, vendendo almoço para pagar a janta, eu me senti muito rico. E ali foi onde tive a primeira ideia para ganhar dinheiro.
Pergunta 8
Erico: Você decidiu trocar dólar?
Granville: Sim, fui trocar dólar. Fui ao shopping que tem lá no Paraguai e conversei com o dono da casa de câmbio e disse: “Olha, eu tenho 50 mil dólares para trocar”.
E ele me olhou bem, pois era um valor expressivo. E a partir daí eu comecei a trabalhar com troca de dólar. Eu pegava os ônibus e falava com cada um dos passageiros, dizia que tinha o melhor preço para trocar dólar. Um ônibus tem cerca de 36 lugares, então eram 36 pessoas.
Os passageiros levavam mais de mil reais porque eles iam trazer para revender, aquela coisa toda. Então, eu ganhava entre R$ 80 e R$ 100 por pessoa. Isso vezes 36 = R$ 3.600 reais por viagem, mais ou menos.
Por semana, eu ganhava uns R$ 9 mil. Isso durou até o dono do câmbio descobrir. Ele descobriu, botou um funcionário no meu lugar e acabou a minha fonte de renda.
Só que nesse meio tempo, eu juntei um dinheiro e continuei viajando. Comecei a trabalhar como “mula”, era assim que chamava na época. Eu ajudava a atravessar mercadorias na fronteira. A mula ganhava entre R$ 10 e R$ 20. E nessa época, eu já estava devendo mais de R$ 1 milhão.
Um dia eu estava trabalhando e vi um camarada negociando para uma outra mula atravessar uns HD’s. Só que essa mula quis cobrar bem mais caro, inventou que precisava proteger melhor os equipamentos e tal.
Eu vi aquilo e me veio o ensinamento do meu pai para que eu fosse uma pessoa correta. Então eu fui lá e dei uma dura na mula e falei pro camarada que ele estava sendo enganado. Esse camarada se chamava Roberto.
Ele ficou muito feliz com o que eu fiz e me agradeceu. Tempos depois, o Roberto me convidou para trabalhar com ele.
Cada um de nós tinha uma loja de informática. Montamos um setor para desenvolver um projeto para armazenar dados e filmes para as pessoas.
E certa vez, eu enviei um dos nossos funcionários para atender um advogado que estava migrando alguns documentos físicos para o digital. Mas sem querer esse funcionário meu formatou o computador do cara. Perdeu tudo.
Pergunta 9
Erico: Não tinha backup de nada?
Granville: Não. E quando ele falava “eu não tenho cópia”, a minha garganta secava. E ele falava que ali tinha documentos muito antigos, provas importantes para o processo.
A boca do meu estômago começou a contrair, a minha perna começou a tremer. Quando ele falou: “Eu tinha uma foto com o presidente Bush”, eu queria que abrisse um buraco pra me enterrar.
Mas eu falei pra ele que ia resolver, que ia achar uma solução. Só que eu não tinha a mínima noção do que fazer.
Me reuni com o meu sócio e o irmão dele e descobrimos um comando que fazia restaurar o que foi apagado, era um comando de delete. O fato é que nós utilizamos esse comando e conseguimos recuperar muita coisa.
Fui verificando documento por documento, quando chegou na foto do Bush, eu fiquei com um misto de alegria e de raiva. Quando eu cliquei e abri, era um Bush de papelão que ele tinha abraçado. Não era o presidente, era só um Bush papelão.
Pergunta 10
Erico: Vocês conseguiram recuperar os documentos perdidos então?
Granville: Recuperamos. Eu vou preservar o nome do advogado, mas está bem marcado na mente. Ele está lá com as informações dele.
E depois disso eu pensei: “Puxa vida, deve ter muita gente que sofre com isso”. Então, nós começamos a mexer com esse comando de delete, entramos em fóruns na internet.
Naquela época tinha o Mirc, quem é mais antigo vai saber o que é isso. Pra quem não sabe, é como se fosse um chat para conversar. E lá começamos a trocar informações com pessoas de várias partes do país e do mundo.
Fizemos algumas propagandas para divulgar o trabalho, criamos um website. Divulgamos bastante e começou a chegar serviço.
Passamos a ser reconhecidos nos fóruns da internet por esse trabalho e começamos a receber pedidos de consultoria. E eu não entendia a diferença entre uma dica e uma consultoria, na época. Eu dava uma dica um pouquinho mais gordinha.
Até que um dia, o Ralph Pierre, um americano que trabalhava na IBM disse que queria fazer um curso com a gente. Mas a gente não dava curso. Até hoje o meu é inglês é quebra galho.
Para ele não vir para o Brasil, eu disse que o curso custava 5 mil dólares. E ele respondeu: “Posso ir na próxima semana?”. Ele pagou e veio para Porto Alegre. Talvez não tenha sido o melhor curso, mas ele saiu satisfeito. E vieram outras pessoas depois. Dessa maneira, nós ficamos muito conhecidos nesse mercado de recuperação de dados.
E aí o que aconteceu nesse meio tempo? O fatídico acidente da TAM, em 2007. O acidente do vôo 3054, que saiu de Porto Alegre e caiu em Congonhas, em São Paulo. Foi uma situação bem delicada para nós gaúchos, já que muitos que estavam no avião eram gaúchos.
Entre essas pessoas, estavam executivos de indústrias petrolíferas. Hoje, a gente guarda informações sigilosas na nuvem ou internet… Naquela época, os executivos guardavam com criptografia ou o que fosse, nos laptops deles.
A nossa empresa foi indicada para fazer o processo de recuperação de dados nos equipamentos que foram encontrados nos escombros. Desses executivos e de outras pessoas também.
E quando fizemos isso, Erico, chamou a atenção de tudo que é tipo de área de tecnologia que você pode imaginar. Desde a parte de marketing até a parte de investigação de crime.
Pergunta 11
Erico: E como isso segue na sua vida?
Granville: Nosso trabalho chamou a atenção de muitos meios, entre eles, grandes companhias que têm problema de pirataria. Funciona assim, o cara vai lá, faz um sistema operacional, bota no mercado e chega alguém e pirateia.
Isso era muito comum no Brasil anos atrás. O cara chegava na loja para comprar o Windows, por exemplo, mas era muito caro. Então o dono da loja dava um jeito para vender mais barato o pirata. Só que isso é um crime. Não tem outra palavra, é um crime.
Então as empresas tinham que tomar alguma atitude. Pegando o exemplo da Microsoft, o departamento jurídico da empresa chegava na loja e o dono já tinha um script prontinho para apagar qualquer rastro de venda ilegal. O dono da loja apertava um botão, ou dava um comando rápido, e formatava os HD’s de todas as máquinas por rede.
Com isso, a prova de crime ia embora. Se não tem prova, não tem delito.
E o que essas companhias fizeram? Nos contrataram e nós servimos como peritos ad hoc que é um perito que é nomeado por um juiz num momento específico. Isso rendeu muito para gente por um período. Muito dinheiro, contratos muito bons.
Pergunta 12
Erico: Quantas empresas você tem hoje?
Granville: Eu comprei meus concorrentes. Eu tenho a Data Recovery, a Recovery Data, SSHD e a Doctor Byte e agora nós estamos iniciando a Hide Store.
Pergunta 13
Erico: Com o dinheiro dessas empresas você passou a comprar imóveis?
Granville: Depois que eu consegui dinheiro de verdade, comecei a pesquisar esse mercado de leilão de imóveis.
E eu não queria arrematar imóveis que tivesse velhinho dentro, que tivesse pessoas doentes. Então comecei a pensar estratégias para isso. E, assim, arrematei o meu primeiro imóvel. Era o imóvel que eu costumo chamar de estilo Zeca Pagodinho.
O Zeca Pagodinho tem uma música que diz assim: “Deixa a vida me levar, vida leva eu…”.
E o imóvel Zeca Pagodinho é daquele cara que compra um imóvel muitas vezes acima do padrão que ele poderia. Por exemplo, ele poderia morar num imóvel de R$ 150 mil. Mas porque quer aparecer para uma gatinha ou alguma coisa assim, ele compra um imóvel de R$ 400 mil.
E, geralmente, esse cara não é muito gente boa no condomínio. Ele toca um som alto, incomoda os vizinhos, não paga o condomínio. Só que ele usufrui da água, da luz, do gás. Então esses são os imóveis que eu nomeio Zeca Pagodinho.
E nessa eu comprei o meu primeiro imóvel, depois o segundo, o terceiro… E eu comecei a mapear algumas coisas, criei um padrão de compra, um padrão de venda e fui fazendo. Depois de um tempo, eu já tinha mais ou menos uns 50 imóveis.
Foi então que pensei: “Tenho que me especializar nisso”. Foi aí que eu achei um site chamado ProLeilões, que era do Erico Rocha e do Hugo Rocha.
Pergunta 14
Erico: Você foi um dos clientes do ProLeilões?
Granville: Sim, fui lá e comprei. Só que assim, como eu venho da área de inteligência e sou um cara muito desconfiado, eu achei que tinha muita informação ali e muita oferta. Uma coisa que naquela época não existia.
E a oferta dizia que eu tinha 30 dias de garantia. Se eu não gostasse, podia pedir o dinheiro de volta. Na hora, pensei: “Baita picareta, né. Tá engordando o porquinho para ser comido”. Eu pensei que era um golpe. Mesmo assim, comprei o curso.
Comprei e estudei o curso. Só que se eu fosse começar do zero, aquele curso era ótimo para mim, mas eu já tinha feito 50 arrematações.
Decidi pedir o dinheiro de volta. Eu achava que não iam me devolver o dinheiro. Pensei que alguém iria me ligar, sempre tem aquele departamento que não quer devolver o dinheiro, sei lá.
Pedi o dinheiro de volta e, rapaz, eu tomei um susto. O dinheiro entrou na conta e ninguém me ligou, ninguém me perguntou nada. Eu só mandei o e-mail e recebi o dinheiro de volta.
E aquilo me deixou perturbado. Eu disse “isso aqui é uma pirâmide”, eles têm um golpe por trás disso aqui. Eu fiquei cabreiro e comecei a te investigar. Tudo. Eu sabia onde você morava, qual andar, qual era teu telefone, qual era teu celular.
Pergunta 15
Erico: E o que aconteceu depois?
Granville: Me devolveram o dinheiro e eu coloquei vocês no meu radar. Não achei nada de irregular.
Vocês mandaram um e-mail sobre o evento ao vivo, acho que Leilões ao Vivo, alguma coisa assim, não me lembro o nome. E eu fui pensando “agora eu vou descobrir alguma coisa, porque eu vou encontrar eles ao vivo”.
E nada tava batendo, até que chegou o momento em que eu convidei vocês para jantar. Aí o Erico bebeu um monte e eu pensei “agora ele vai contar as coisas”… E aí não contou nada. Não teve nada.
E cheguei à conclusão que não tinha nada. Eu me senti mal, de coração, por ter pensado negativo sobre vocês. Na minha cabeça não passava que pudesse existir alguém tão correto com uma coisa tão disruptiva.
E eu fiquei com sentimento de reciprocidade dentro de mim muito forte. Eu precisava fazer alguma coisa para esses caras. E um dia eu vi um vídeo em que você estava muito preocupado.
Acho que você estava em Nova York, na rua, e falava que alguém havia pirateado o seu curso, mas vocês tinham contratado a melhor empresa de antipirataria do Brasil e ia colocar todo mundo na cadeia. Alguma coisa assim.
Eu mandei uma mensagem no Facebook perguntando qual empresa você tinha contratado, porque se era a melhor do Brasil, era a minha.
Só que era um blefe, você não tinha contratado ninguém. Você me explicou o que estava acontecendo e eu ofereci o meu trabalho, sem cobrar nada. Eu não tinha como cobrar. No meu coração aquilo era uma maneira de apagar os péssimos sentimentos e pensamentos que eu nutri contra vocês.
Pergunta 16
Erico: Então você arrematou muitos imóveis e por anos eu falei que você devia lançar um infoproduto na área, devia ensinar essa parada de arrematar leilão. Por que você deixou de lançar isso por tanto tempo?
Granville: A real é assim, eu posso dar desculpas, mas talvez as pessoas não me conheçam tanto publicamente. Justamente porque como eu trabalho com essa parte de inteligência, eu sou um pouco mais reservado.
Faz parte do meu jogo. Então, eu tinha receio de me expôr. Isso foi um dos motivos que me fez procrastinar.
E eu queria fazer isso com excelência. Eu já fazia parte do Plat*, via as pessoas lançando, ajudava em vários lançamentos.
*Plat é o meu grupo de faixas-preta, ou seja, empreendedores que faturam, no mínimo, R$ 2 MM por ano com lançamentos digitais.
Quando eu comecei a trabalhar com o Mairo Vergara, ele já tinha feito um lançamento de R$ 300 mil. Depois ele fez R$ 1,5 milhão. Eu pude ver esses bastidores.
Isso me dava uma certa confiança, embora sempre fica aquele frio na barriga. E por muitos anos eu afiei o machado antes de lançar.
O que eu fazia? O feijão com arroz. Eu ia lá e assistia o melhor vídeo de vendas, assistia a Fórmula de Lançamento de novo de cabo a rabo, pegava meu caderninho, anotava.
Até que eu senti que tinha background para criar novas estratégias. E também pintou o convite de um parceiro para fazer esse lançamento.
Pergunta 17
Erico: O que fez você lançar? O que te fez quebrar a sua própria objeção contra lançamento e fazer esse primeiro lançamento?
Granville: Eu queria a liberdade para fazer de um jeito que fosse disruptivo.
E eu decidi mesmo quando tive uma aproximação com a empresa Empiricus. Eles me deram carta branca para fazer do jeito que eu gostaria de fazer.
Isso aliado às competências que eles têm de marketing, de entregabilidade, com a audiência deles. Era a junção perfeita para um lançamento.
Pergunta 18
Erico: Eles escreveram a copy desse primeiro lançamento?
Granville: Teve um copywriter que me ajudou bastante, mas eu segui alguns preceitos. Eu conversei muito com você. E você foi muito duro.
Pelo zoom, eu li todo o script do CPL 1* e você achou muito ruim, nem imaginou que tinha um copywriter por trás. Ele estava na mesma ligação do zoom.
*CPL 1 significa Conteúdo Pré-Lançamento 1. Eu explico tim tim por tim tim na Fórmula de Lançamento sobre esse tipo de conteúdo e quantos você deve fazer.
Você deu a direção de como melhorar. E estava faltando prova nesse CPL 1. A gente defendia que era possível arrematar imóveis por até 50% do valor, mas não provava.
E você falou pra colocar prova. Falava para entrar no imóvel, mostrar o imóvel arrematado. A copy foi reescrita uma ou duas vezes e fizemos um grande lançamento.
Pergunta: 19
Erico: Quanto foi o faturamento desse primeiro lançamento?
Granville: R$ 6,3 milhões no primeiro lançamento, em 2018.
Pergunta 20
Erico: Esse lançamento foi em 2018. Quanto foi o segundo lançamento?
Granville: Em janeiro de 2019, lancei o Leilões de Alta Lucratividade. Ele fechou em R$ 7,2 milhões. Só no primeiro dia de abertura, o faturamento foi de R$ 5,2 milhões. Foram três dias de carrinho aberto.
Pergunta 21
Erico: Agora você entende copy?
Granville: Sim, entendo. E eu não fiquei surpreso de você ter sido rígido comigo, de ser duro com a copy do primeiro lançamento. Eu tinha o entendimento que você estava querendo extrair o meu melhor.
Muitas vezes eu sou conselheiro ou mentor, mas quando eu tenho que me colocar na posição de aluno, eu me coloco. Com humildade para aprender o que for, porque aquela pessoa que está ali, ela quer o meu bem.
Então, quando isso aconteceu, quando você teve esse momento duro e na minha mente disse: “Não, ele tá sendo duro porque ele quer o meu melhor, porque ele quer que eu aplique aquilo que ele me ensinou”. E eu fui estudar. Eu caí de cabeça, eu fui lá ver os vídeos da Fórmula, os vídeos de venda, reescrevi tudo. Entendi como é que funcionava a coisa.
Pergunta 22
Erico: O que é óbvio para você que na sua opinião não é óbvio para um clássico faixa-azul*?
*Faixa-azul é um cara que ainda não fez a primeira venda em um lançamento interno, um tipo de lançamento que eu explico na Fórmula.
Granville: Dominar o feijão com arroz. Eu canso de ouvir faixas-preta falando isso e eu canso de ouvir faixas-azul não entendendo.
Por isso o termo é Fórmula, entendeu? Podia se chamar receita. Chame daquilo que você quiser, desde que você obedeça aquilo de maneira constante.
E outra coisa importante, entregue algo de qualidade. Tenha a visão daquilo que você está entregando ser de qualidade.
Às vezes, as pessoas ficam ligadas no que vai dar mais dinheiro. Não procuram o que elas são apaixonadas ou sabem fazer, olham muito pra grana.
Isso não funciona dessa maneira. Você pode até usar a Fórmula e vai funcionar uma ou duas vezes, depois não vai funcionar mais. Porque perdeu a essência e a integridade.
E hoje, como faixa-preta, tem uma coisa que para mim é clara: métrica.
Temos 220 milhões de brasileiros, 116 milhões acessam a internet. Seja pelo celular, pelo computador, não importa. Pense o seguinte: será que dentro dessas 116 milhões de pessoas, não tem um pequeno grupo que seja interessado no seu produto? Se botar 1% de 116 milhões de pessoas, dá 1 milhão e 600 mil pessoas.
Você pensa: “Ah não, mas todo mundo na minha volta já sabe fazer o que eu sei”. Beleza, a internet não está à sua volta, ela tá na volta de todos. Ela está atendendo o cara que está no Rio Grande do Norte, que está no Rio Grande do Sul, que está no Oiapoque ao Chuí. A internet está em todas as partes.
Você precisa lançar. É como eu falo para os meus alunos, para ser um arrematador de sucesso, você não precisa ser nota 10. Você precisa ser nota 8 ou 7,5. Só não pode ser ruim.
Tem que ser de bom para cima.
As pessoas ficam pensando que precisam ser excelentes, tem que ser perfeito, fazer tudo da melhor maneira.
Não. Você precisa ser comprometido, ter um bom produto e lançar. Porque se você não fizer, nada vai acontecer.
E eu penso que um faixa-azul tem que focar no feijão com arroz. Se ele tiver um bom produto, se ele entender que existe alguém nesse aparato de 116 milhões de pessoas que vai comprar o produto dele, ele não tem por que não fazer o lançamento.
Pode fazer uma, duas vezes e errar o tráfego. Talvez não acertar o avatar. Mas é inevitável, na quinta, na sexta ou na sétima vez, ele vai acertar.
Pergunta 23
Erico: E o faixa-marrom*? Ele já fez um 6 em 7. O que você acha que falta no faixa-marrom para chegar à faixa-preta?
*Faixa-marrom é uma pessoa que fez pelo menos um 6 em 7, ou seja, R$ 100 mil de faturamento em 7 dias consecutivos com lançamentos.
Granville: Eu penso que é reinvestir o dinheiro.
O que acontece é o seguinte, a gente vem para o mundo que é literalmente um mundo paralelo, o digital.
Eu tenho empresas físicas e eu tenho esse negócio digital. Então assim, diante da nossa realidade, o Brasil não oferece o “sonho americano”.
Ok, o que é o sonho americano? É a pessoa querer comprar casa própria, porque ela quer ter as coisas dela, quer levar um bom padrão de vida.
A Fórmula de Lançamento acaba por trazer um “sonho americano”, vamos dizer assim. É atingir esse “sonho americano”. Sem ter que sair do país dele, sem ter que ir lá para os Estados Unidos.
O cara está aqui e pode levar uma vida boa, pode sair para jantar, pode comer uma pizza, pode andar com um carro legal… Pode fazer coisas que ele não faria antes como assalariado, por exemplo.
Mas o ponto é que quando a pessoa faz o 6 em 7, vira faixa-marrom, ela não entende que aquilo ali é o começo de uma base para ser construída uma casa em cima. Então, muitas vezes, ele vai lá e já compra um carro um pouco melhor do que deveria, entende?
Digamos, a pessoa tem uma vida muito sofrida. Aí ela faz um lançamento, ganha um dinheiro, em vez dela separar 80% para reinvestir e 20% para melhorar um pouquinho o padrão de vida dela, ela já começa a gastar um pouco mais. Compra uma TV que ela não precisa, vai gastar num restaurante mais caro.
Então, é muito importante manter e separar a sua personalidade física do negócio que está montando. Porque quando você vira um faixa marrom, basicamente é um negócio bebê.
Precisa cuidar melhor disso, pensar como um empresário. Pensar no negócio.
Às vezes, eu converso com um ou outro, eles têm medo de reinvestir, medo de comprar mais tráfego, medo de ampliar.
Conclusão
Neste bate-papo, você acompanhou os detalhes da história de Lerry Granville, o cara que faturou R$ 6,3 milhões logo no primeiro lançamento. Algo que eu nunca vi antes. Aliás, até hoje é a única pessoa que eu conheço com um lançamento inaugural com um resultado tão expressivo.
Você viu que ele não veio de família rica, aliás pelo contrário. A família do Granville quebrou e ele, os pais e mais quatro irmãos dividiam um pequeno apartamento. Anos depois, ele começou a trabalhar, casou e montou um negócio de informática.
Nesse meio tempo, comprou um apartamento para ele, a esposa e os dois filhos. Mas os problemas com o negócio e as dívidas, fizeram com que o apartamento fosse levado à leilão. Ele tinha parado de pagar as parcelas do financiamento.
Depois de estudar sozinho e descobrir uma falha no processo, o Granville conseguiu se reestruturar, renegociar e pagar a dívida. Assim, ele conseguiu o apartamento de volta. Ali, começou o interesse dele por leilão de imóveis. Mas sem dinheiro para arrematar imóveis, ele deixou esse sonho para depois.
Granville trabalhou com várias coisas até conseguir dinheiro e investir em leilões. Ele ficou tão bom nisso que anos depois, em parceria com a Empiricus, lançou o próprio curso digital ensinando como arrematar imóveis em leilões.
No primeiro lançamento, em 2018, faturou R$ 6,3 milhões. Em 2019, lançou novamente e, dessa vez, o faturamento chegou a R$ 7,2 milhões, sendo R$ 5,2 milhões apenas no primeiro dia de carrinho aberto.
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